
O reforço da Força Nacional de Segurança e de tropas militares não estancou a sensação de insegurança no Espírito Santo nesta terça-feira (7). O número de mortes desde sábado subiu para 75 no quarto dia de greve da Polícia Militar. O clima de tensão dividiu a população: moradores revoltados com a paralisação e parentes de PMs entraram em confronto na frente do Quartel Central. O movimento grevista encontrou eco no Rio. Famílias de policiais programam iniciar movimento semelhante nesta semana.
Apesar da redução no número de homicídios – foram 3 casos nesta terça, igual à média diária registrada no primeiro semestre de 2016 –, a insegurança se mantém em Vitória e revoltou um grupo de moradores. Pneus foram queimados na Avenida Maruípe, na frente do Quartel Central, onde parentes de PMs fazem piquete desde o início do movimento grevista – impedindo saída de agentes. Os grupos se enfrentaram e soldados do Exército usaram spray de pimenta para contornar a situação. Pelo menos 30 PMs fardados, no batalhão, assistiram à confusão de braços cruzados.
Reflexo — O movimento no Espírito Santo pode provocar reflexo no Rio. Frustrados com a crise financeira do Estado, com salários atrasados e sem receber o décimo terceiro, policiais e suas famílias passaram a mobilizar-se para entrar em greve na sexta-feira. O plano é seguir para a porta dos batalhões às 5h30.
Tropas do Exército já estão se mobilizando para o caso de a Polícia Militar fluminense entrar em greve. Embora o Comando Militar do Leste afirme que há apenas “planejamento” até o momento, fontes confirmaram ao Estado que homens da Brigada Paraquedista estão se apresentando no quartel, para ficarem de prontidão, em caso de necessidade.
“Nosso objetivo é acampar na frente dos quartéis. Estamos nos organizando para fazer revezamento”, afirmou uma das organizadoras, que se identificou como Ana. Segundo ela, a adesão será grande dentro dos quartéis. “Eles não podem fazer greve, mas estão revoltados pela forma como os servidores estão sendo tratados pelo governo. E os policiais não vão aceitar que o Batalhão de Choque agrida as famílias como tem agredido os servidores. Não vai ter covardia”, afirmou.
A polícia fluminense, no entanto, não tem histórico de paralisação. “O setor de inteligência está monitorando essa mobilização, mas não temos como medir a adesão. Estamos atentos e continuaremos trabalhando”, afirmou o major Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar.
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